Medidas que prejudicam a liberdade das mulheres têm se multiplicado desde 2021, quando o Talibã voltou a governar o Afeganistão. As organizações que atuam em prol dos direitos humanos se manifestaram contra a decisão.

Por Ana Clara Godoi
O Talibã proibiu mulheres de trabalhar para organizações da sociedade civil no Afeganistão. A ordem foi dada no último sábado (24), quando o governo Talibã alegou que as mulheres não estariam respeitando o código de vestimenta, mesmo argumento utilizado para proibi-las de frequentar universidades no país.
Uma nota enviada às organizações afirma que “houve denúncias graves sobre o descumprimento do uso do hijab islâmico e outras regras e regulamentos relacionados ao trabalho feminino em organizações nacionais e internacionais”. O porta-voz do Ministério da Economia do Afeganistão ainda afirmou que, em caso de descumprimento da diretriz, as organizações que tiveram sua licença emitida pelo órgão serão suspensas.
Em entrevista televisiva, o ministro do Ensino Superior, Neda Mohammad Nadeem, explicou que as estudantes não respeitaram o uso do hijab e não viajavam com um ‘mahram’, o acompanhante masculino adulto obrigatório para mulheres no Islã.
O coordenador humanitário da ONU para o Afeganistão, Ramiz Alakbaro, denunciou em seu Twitter uma “flagrante violação dos princípios humanitários. A Anistia Internacional afirmou que a decisão é “uma nova e deplorável tentativa de excluir as mulheres dos espaços políticos, social e econômico”.
Cerca de 400 estudantes de Kandahar também se manifestaram contra a medida ao boicotar uma prova e protestar nas ruas. O ato foi dispersado pelas forças talibãs, que atiraram para o alto, segundo um professor da Universidade Mirwais Neeka.
Além de violar os direitos humanos das mulheres, a medida do governo Talibã prejudica o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU, como o ODS 4 – Educação de qualidade, o ODS 5 – Igualdade de gênero e o ODS 10 – Redução das desigualdades.
Fonte: Exame
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